Pode haver um ponto em cego em nossas vidas
Um simples mal-estar , não é dor , não é sofrimento, angustia, ansiedade ou depressão, apenas um mal-estar… um mal-estar !
Um anônimo presente , que eu pressinto que vive nos lugares, nos bares , restaurantes, na sala de aula, na cantina, dentro do carro ! Alimenta-se da natureza humana…
Não sei ! Existe um mal-estar permeado, pressentido , acusado mas desmentido por todos.
Dentro do mel, há uma abelha morta .
O vento refresca, mas traz uma poeira.
No amor imenso e recíproco , há uma solidão.
Na beleza estonteante, há uma serpente.
Nos lábios vermelhos e carnudos, há um veneno.
No silêncio mais pleno, há um bater delicado de asas.
Há sim , um choque de baixa voltagem embutido num cartão de credito.
Há na sacola de compras, no carro novo, no apartamento novo, um mal-estar … Você compra junto e leva embora !
E não é porque milhares e milhares de pessoas na África vivem com 0,57 centavos de dólar por dia e um cidadão suíço gasta 60 dólares.
Não é porque morre uma pessoa de fome a cada 3 segundos e meio ! Não! Não !!!
Há entre mesmo a fome e toda miséria no Sudão, Serra Leoa … Além de toda tristeza e amargura, há um mal-estar .
Um mal-estar porque vamos morrer ?
Um mal-estar porque precisamos nos sustentar ?
Um mal-estar porque não somos amados ?
Um mal-estar porque nosso amor é insuficiente ?
Um mal-estar porque gostaríamos de ser sempre nós mesmos ?
Um mal-estar porque eu me acho um nada ?
Tudo isso é ainda sofrimento !
Não ! Não !! Há uma elegância
Há um charme e leveza !
É um sentimento alheio a raça humana !
Há pouca força mas contínua … uma força que não vem do interior , ela está no meio da sala , no meio do asfalto, na rua , na calçada. Ela te avisa, te aconselha , te assusta , sopra em seu espírito um choque de baixa voltagem mas não dói … você acusa mas assimila ! Você acusa mas assimila ! Você só pressente, não é capaz de pronunciá-lo, perguntar por ele?
Há um mal-estar na civilização !
Há um mal-estar na civilização !
Em tempo , “a vida humana comum só se torna possível quando há uma maioria mais forte que qualquer indivíduo isolado, e que permanece unida contra esse indivíduo” – Freud
There was a time … then it all went wrong
Fleugma 
o descortinar da solidão do mundo